quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Por Elise



A existência por si só já é bastante complicada.
Nós seres humanos, com tom irônico pois seres menos ainda humanos somos nós.
Talvez seres, apenas. E é isso.
Nem tão pouco humanizados, em nossas casas seguras e frias.
Ou ainda humanistas, em nossos direitos e deveres fajutos.
Somos coisas, e coisificamos tudo. Essa é a minha percepção do mundo.
Olhamos ao redor, como se todos fossem todo mundo.
Intimidados pelo desejo, calados pela distância, petrificados pela timidez.
Ressaltamos qualidades em nós mesmos, e isso chama-se ser humano.
Por ela ou por você, faça alguma coisa. Sentimentalize suas ações.
Ninguém é uma ilha, diz a psicanalista em seu escritório no 15º andar. Mas
por que ela não vai atender os pacientes lá na praça?


É sozinho que se acaba em tudo. O tal ser, o tal humano.
Cachorros são melhores que pessoas, diz meu vizinho.
Anti-social.. apesar das festinhas triviais que ele dá na casa dele.
Mas é o que somos. Só damos bom dia a quem achamos que devemos.
Somos "sociáveis" com quem achamos que devemos.
Onde foi parar o respeito?
Será que isso sim, e eu chamo de EDUCAÇÃO (!), não seria verdadeiramente direitos humanos?
O direito e o dever de respeitar sem distinção a qualquer um?
E até nós mesmos como individual ação respeitosa.
Sei lá. Perco a meada quando falo de nós.
Coisificados e perfeitos em eterna contradição.
Mas faço isso por mim também, essa coisa toda de justificar ser humano, ou "ser" ser humano.
Complicado.
Faço isso por ela também, que só precisa viver tudo todos os dias e de novo.
Como um ciclo.
Pois afnal o ser humano é assim. Ele vive e revive tudo, na coisificação das coisas,
na verdade ilimitada das histórias sobre o que ele mesmo inventa.
* Fotos do espetáculo teatral Por Elise - Teatro Espanca (MG).

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